29.11.10

Dois minutos

O chão caía e com ele tudo aquilo que eu acreditava, que eu confiava, que eu queria. Ela transformou meu mundo em apenas dois minutos. Parada ali, com as pernas cruzadas e o pé quase tocando o chão, com o copo de caipirinha na mão direita e aquele sorriso, ah, aquele sorriso armado que quebrava as minhas pernas. Eu rastejava, refestelava nas minhas besteiras tentando impressionar, tentando levá-la junto comigo, tirá-la dali e fazer do meu desejo mesquinho de só tê-la, uma realidade. E enquanto ela falava, com aquele ar de interessada, com a mão esquerda no cabelo e com aquela voz, perto de mim, tão perto que sentia o hálito morno e doce, eu morria, morria porque tudo que eu queria era ela comigo mais tarde, sentada num banco na praia, vendo a lua subir, tomando aquele vinho e imerso no cheiro, no gosto, no corpo dela. E eu, idiota, não sabia o que fazer, não sabia como dizer que ela mudou tudo, tudo mesmo que eu sentia, que eu vivia, que eu pensava, em apenas dois minutos, dois minutos, os dois minutos que tive o prazer de desfrutar na presença dela. E ela não me olhou, não me viu e foi embora. Embora. Embora. Embora e me deixou ali sozinho, sem ar, sem vida e disposto a tudo, tudo, para sentir esse redemoinho de novo.

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