16.10.05

Ela me olhou com lagrimas nos olhos, beijou a minha testa e disse:

- Eu não voltarei mais.

Fechou a porta, levando consigo os resquícios de meu amor, as suas fotos, as suas roupas que cheiravam a mel, que me derretia cada vez que eu as tirava. Levou consigo o seu olhar que me deixava louco e me fazia sentir que eu era amado. Ela levou consigo todas as pequenas coisas e todo o castelo que construir para gozarmos o nosso amor.

Fui até a cozinha, os meus olhos já não seguravam as lágrimas que escorriam sobre a minha pele, me fazendo sentir como uma criança. Peguei o uísque que estava na geladeira. Não me detive, abri-o e fiz escorrer seu doce leite por entre a minha boca de uma vez só. Fui ao meu quarto, peguei a única foto que não a deixei levar. Fora tirada no auge do nosso amor quando não tínhamos feridas a se tocar, nem dores a se lamentar. Quando ainda éramos amantes. Em prantos Rasguei-a e gritei até não ouvir mais a minha voz.
Caído no chão, acordei e ela não estava lá para me colocar sobre a cama, para cuidar de mim com tanta delicadeza que só ela sabia fazer. Tomei um banho rápido vesti uma roupa surrada, suja. Peguei minha carteira. Sai de casa. Fui ao harem mais próximo e gastei todo o meu dinheiro, todo o meu amor e toda a minha dor naquelas mulheres procurando-a, mas ela não estava lá. Voltei para casa sujo, empodrecido com aquilo que tinha feito. Pensei em ligar para ela, pedir desculpas, falar que só ela me consola, falar que ela era o amor da minha vida, mas não quis e por um instante pensei em tirar a minha própria vida. Fui então novamente à cozinha, peguei outra garrafa de uísque e senti-o escorrer novamente pelos meus lábios, pela minha garganta pelo meu estômago. Tudo girou. As lagrimas não paravam de cair, já não me segurei, liguei para ela, pronunciei meia dúzia de palavras sem sentido, ela desligou na minha cara falando para eu não mais procurá-la. Meu coração disparou. Lembranças de tudo que foi bom e também de tudo que foi ruim passaram pela minha mente.

A ela dediquei toda a minha poesia, toda a minha bebedeira, todo o meu corpo. Por ela morri.

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