Descobri a certeza em meio a uma fúria incerta.
Espero você no meu salão arrumado, com flores à mão
e sentimentos à pele.
Descobri a garganta engasgada, o coração apertado
as pernas trêmulas e revi os medos pueris.
E aí me vi como começamos, de cabeça virada para o céu
conversando sobre amenidades e esperando a coragem chegar.
Engasguei com as minhas palavras e adicionei uma confissão
a lista de coisas inconfessáveis que já te falei.
- Não me peça para ficar longe de você. Não assim.
E vi no seu semblante a dúvida, sua cabeça pesada. Achei que,
por não ver mais seus olhos tristes e encontrar nos seus lábios
um sorriso doce, talvez aquilo fosse um bom presságio.
E tratei de dar mais uma varridinha no salão e arrumar mais uns quadros
para que, por via das dúvidas, se você decidisse ficar que aquilo lhe fosse ainda mais agradável.
- Não conte em segundos, conte em dias.
E sem querer você me condenou a suspiros poéticos, a espera interminável e a procurar formas de expressar aquilo que sinto, ainda que de forma velada, para não pressionar você.
Por mais que eu tente, você se materializa nos meus sonhos e me vejo deitado com você, olhando as estrelas, assim como começamos - e falando amenindades até a coragem chegar.
A espera me dói como uma faca enfiada no meu coração e o sangue escorrendo pelo meu corpo.
15.5.09
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