24.4.06

Dieta das Batatinhas.

- Não cresci! Disse tristemente, aquela miudeza de gente que queria porque queria ser alto.

Não entendia porque as suas células ainda não haviam se alongado. Comia feijão, conforme a mãe lhe ordenara, todos os dias apesar daquele gosto... Nas noites de segunda, comia uma sopa de verdura batida no liquidificador que mais aparentava vômito no prato e tinha aquele gosto horrivel de legume cozido. Segurando firmemente a sua náusea e se baseando que um dia seria tão alto quanto aqueles vizinhos da rua e que, finalmente, poderia talvez arranjar uma namorada. Comia aquilo tudo disciplinadamente.

Depois de 2 meses desse tratamento à base de sopas e feijão, desistiu. Falou à sua mãe que nunca mais comeria aquilo e que era tudo enganção. Afinal, já fazia dois meses comendo aquele feijão todo santo dia e tomando aquilo que chamavam de sopa. E não, nem um centimetrozinho a mais. Continuava com aqueles rídiculos 1,45. Mais baixo até que as garotas da sala. A mãe, experiente disse-lhe que era pouco tempo demais para se tirar aquela conclusão e que se não continuasse consumindo aquilo iria coloca-lo de castigo.

Rebelou-se. Não comia mais feijão e quando o obrigavam, cuspia ou forçava o vomito. As sopas das noites de segunda-feira eram jogadas todas no lixo sem a mãe perceber. Iniciou uma dieta baseada em biscoitos, batatinhas e refrigerantes. Afinal, tinham um gosto bom, portanto trariam um efeito positivo e talvez até o tão querido e esperado crescimento.

O castigo não lhe fizera andar para trás. Não podia sair do quarto, exceto para ir ao colégio, mas era feliz assim. Pelo menos agora não tinha mais aquela droga de feijão e nem aquela sopa de vômito para comer. Usou de todas as suas economias para estocar batatinhas e biscoitos no quarto. Contrabandeava refrigerante ilegalmente da casa de um amigo que morava ao lado. Passou três meses assim, sem ser descoberto.

Ao final desses três meses, procurou a fita métrica. Sentia-se mais alto do que nunca. A dieta das batatinhas dera tão certo que seu crescimento era percepitivel. Via o mundo mais baixo e ele mais alto. A fita métrica indicou-lhe 1,47. 2 centímetros de crescimento! Entusiasmado, mostrou à sua mãe a sua tese e falou que não tinha comido mais feijão e que a sopa houvera ido sempre para o lixo. E que o motivo máximo do seu crescimento eram as batatinhas, as milagrosas batatinhas e que apartir de agora, não iria parar de crescer nunca.

E nunca mais parou. Morreu de tão alto.

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