13.2.06

Coisas de Futebol

Futebol é algo que nasce com o brasileiro. O primeiro presente da vida que um menino geralmente ganha é uma bola de futebol. Assim que aprende a andar o pai trata logo de ensinar a jogar. Começa pelos principios básicos, correr com a bola, tocar e chutar. Depois ele ensina que a glória vem quando aquele brinquedo balança as redes. Ele também ensina que o caminho pelo qual a pessoa deverá trilhar para que a glorificação aconteça não é nada fácil e vai depender da habilidade que a pessoa possui.

Todo brasileiro que se preze jogou pelada na rua. É quase que como um ritual de iniciação masculina à brasilidade. É menino? É brasileiro? Tem que saber jogar bola. E a minha geração além de ter essa obrigação de estar nos campos de areia formando times para bater a velha e boa pelada com os amiguinhos, tinha outra ainda maior. Colecionar as figurinhas do álbum do Campeonato Brasileiro. Lembro bem, muito bem. Começava o campeonato e aquela meninada ia logo para as bancas comprar o tão fabuloso álbum e as respectivas figurinhas para completa-lo, toda moeda que aparecia servia para comprar as figurinhas. Além de tudo, o álbum trazia informações sobre os times. Era ótimo para tentar convencer o seu amiguinho que seu time era melhor que o dele porque o estádio era maior ou porque o time detinha uma quantidade maior de títulos brasileiros. Quando comecavam os playoffs então? Nossa, reunia toda aquela meninada para acompanhar os finais do Campeonato Brasileiro torcendo cada um pelo seu time e vibrando a cada jogada ou xinganado a cada impedimento ou falta injusta marcada pelo juíz.

Eu, como todo e qualquer brasileiro, passei por devidos rituais. Apesar de nunca ter jogado bola bem, eu alimentava a ilusão de que poderia ser um craque. Posicionado sempre na boa e velha "banheira" eu ficava lá, na frente, esperando que a bola chegasse para dominar e, quem sabe, driblar o goleiro e marcar aquele golaço. Mas a natureza não foi boa comigo. Eu era péssimo. Sempre era o último a ser escolhido(isso se eu não ficasse para a próxima). Quando jogava ficava ali na frente me esforçando para provar que eu poderia ser bom de bola, levantando a mão quase que initerruptamente pedindo para que a bola chegasse aos meus pés para que eu pudesse mostrar toda a habilidade que eu achava que tinha. Ás vezes ela chegava. E eu a perdia. Era triste.

Passei então a evitar jogar futebol. Comprava o álbum e quase todo final de semana, quando minha mãe me liberava algumas moedas, eu corria atrás de uma banca e comprava as figurinhas. Colava-as no álbum e ficava lendo o nome dos jogadores. Quando não tinha dinheiro para as figurinhas ou quando já tinha completado o álbum, eu abria na parte "Palmeiras" e ficava lendo e decorando cada informação ali contida. Lembro até hoje do formato e do que estava escrito. Depois ia, como um comerciante, tentar convencer meus nobres amiguinhos a optar pelo melhor time, o Palmeiras.

Recordo que nessa época que comecou a vir em mim o fanatismo. Acompanhava todos os resultados e assistia todos os jogos, quando trasmitidos. Lembro que ficava ali, sentado no chão, sem piscar os olhos e rezando baixinho para que o meu time marcasse um gol. Quando o gol vinha, o êxtase era tão intenso que minhas cordas vocais agradeceriam se eu não mais assistisse futebol. Quando o gol não vinha e o meu time perdia, não conseguia segurar aquelas gotas de lágrimas que saiam dos meus olhos.

E esse fanatismo ainda mora em mim. A cada grito de gol eu lembro da criança que morava aqui antes de mim que também gritou quando o Palmeiras sagrou-se campeão da Libertadores. A cada lamentação por uma derrota importante, eu lembro o quanto eu chorei quando o Palmeiras perdeu aquela semi-final para o Boca Juniors, ou aquela triste final para o Vasco. Talvez hoje minhas lamentações e meus gritos sejam menores pelo fato de entender mais de futebol do que quando criança. Mas a paixão que nasceu aqui e reside nessa casa até hoje pelo futebol e mais ainda pelo Palmeiras não vai morrer nunca.

Um comentário:

Unknown disse...

É verdade !
A PAIXÃO PALMEIRENSE É MAIOR QUE QUALQUER OUTRA MESMO !
NÃO TEM PRA NINGUÉM !
Eu, por exemplo sou fanática e estou fazendo "escola" aqui em casa... meu irmão menor também já é apaixonado pelo VERDÃO !
Minha mãe, DESDE SEEEMPRE! ^^

Não tem outra, quem nasce PALMEIRENSE é PALMEIRENSE até o fim !

"PALMEIRAS MINHA VIDA É VOCÊ !"